Museu de Igatu

Andaraí, BA
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ficha técnica

Ano:
2008
Área:
570m²
equipe:
Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz, Luciana Dornellas, Victor Gugel, Anne Dieterich, Cícero Ferraz Cruz, Fabiana Fernandes Paiva, Felipe Zene, Gabriel Grinspum, Kristine Stiphany, Pedro Del Guerra, Pedro Vannucchi, Rebeca Grinspum e Vinícius Spira
Imagens:
Acervo Brasil Arquitetura
Premiações:

2012 – Vencedor prêmio AsBEA, categoria Edifícios Institucionais, modalidade Projetos Não Edificados, Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura

Descrição:

Das entranhas das pedras reviradas da Vila de Igatu nascerá seu Centro de Referência e Memória a ser construído na entrada do Parque Histórico. Nele, pretende-se resgatar e guardar a história do lugar: a ascensão e queda da atividade garimpeira de diamantes, o bamburrar de muitos aventureiros, a decadência e o abandono do lugar.

Não será um museu, mas um centro vivo no qual serão tematizados os traços e costumes da gente que ali viveu e ainda vive – a cultura local, a transmissão oral da história, a organização da vida cotidiana, o diálogo com a natureza exuberante do entorno, a culinária, os fazeres manuais, cênicos e as criações que apontam para o futuro. E será, acima de tudo, um centro de convivência entre moradores, visitantes e turistas; convivência entre diferentes épocas nas histórias do passado e do futuro, nos objetos, nos cacos de memória, no cascalho; convivência entre pedra e água, entre pedras naturais e pedras construídas – o concreto.

O lugar escolhido para o Centro de Referência e Memória de Igatu, bem na entrada do parque, é uma espécie de bacia, encravada na encosta da antiga usina de geração de energia elétrica, hoje abandonada.

Em linguagem contemporânea, o novo conjunto de construções, que abrigará exposições, acolhimento, café e auditório, procura criar tensão e harmonia com a paisagem natural envolvente, como numa sequência musical. Busca, no todo e em cada detalhe, o diálogo da ordem humana com a ordem da natureza.

Assim, na chegada, uma longa ponte de concreto nos levará até o outro lado da bacia. Nessa travessia seremos saudados por uma coluna circular de concreto que irá dialogar com outras quatro colunas quadradas, esculpidas em pedra única, com capitéis também de pedra, todas elas suportando uma laje levíssima, uma verdadeira tenda que abrigará o visitante do sol e da chuva na mirada da mais bela vista para o vale do Paraguassu: um belvedere único.

Essas colunas serão esculpidas na pedra rosada de Igatu, material que também será utilizado na composição do concreto, transformado em pedra moldada.

Ainda nesse diálogo, a laje-ponte cruzará um jardim aquático de ninfeias que cobrirá o corpo principal da construção (sala de exposições e acolhimento) e levará o visitante ao jardim rupestre sobre o matacão de pedra, com suas orquídeas, cactos e bromélias. De um lado, o jardim aquático geométrico, construído e controlado; de outro, o jardim natural de pedras, livre e acidentado.

Concreto e vidro; pedra moldada e pedra moída; opacidade para a introspecção das exposições e transparência para a paisagem envoltória; o dentro e o fora se alternando e se confundindo; separação e fusão. Estes são princípios que guiam a arquitetura desse pequeno conjunto, encravado entre pedras e mato rude. Princípios que buscam fundir conteúdo e continente numa experiência original e genuína de percepção do espaço. Todos os sentidos em alerta, embalados pelo silêncio mágico de Xique-Xique de Igatu.