Casa Alto de Pinheiros

São Paulo, SP
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ficha técnica

Ano:
1996
Área:
292m²
equipe:
Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz
Imagens:
Marcelo Ferraz e Rodrigo Izecson
Premiações:

Descrição:

Esta pode ser considerada uma das residências de partido mais compacto dentre as projetadas pelo escritório nos anos recentes. Sua concepção, em parte tributária da configuração convencional do lote urbano em que se situa, decorre também da combinação de outros fatores relativos à implantação. Dois aspectos ressaltam desde logo: por um lado, a conciliação entre uma raia de natação junto à divisa lateral e uma área paisagística desfrutável por todos os ambientes de longa permanência da moradia; por outro, a maximização da área livre nos fundos do terreno, acentuando a privacidade desse espaço subtraído às referências contextuais do entorno.

A compacidade e a simplicidade da distribuição – um bloco longitudinal clássico de pavimentos superpostos: sala de jantar, estar, sala de jogos e dependências de serviço embaixo, com dormitórios, banheiros e circulações íntimas em cima; um bloco menor em esquadro, reunindo salão de estar de caráter mais social e um escritório no piso superior – não impedem a dinamização dos percursos internos e a alternância de situações de introversão e extroversão dos ambientes segundo as conveniências. Os dois pavimentos principais desencontram suas volumetrias, proporcionando o surgimento ora de varandas, abaixo, ora de terraços, acima. O descompasso é resolvido pela mediação de uma laje-marquise angulada que discute, ao mesmo tempo que assegura, a integração dos blocos e pavimentos: o superior nitidamente mais hermético, com suas venezianas de quartos, e o inferior com vedações amplamente rasgadas por caixilharia que integra os espaços ajardinados aos espaços interiores.

No corpo frontal, um astucioso alteamento do pé-direito confere ao salão de estar um status diferenciado que é confirmado pela ostensiva fachada frontal cega, rompida apenas pela singela e maciça portada rústica de madeira bruta e pela presença não menos marcante da chaminé alentejana em pigmento sanguíneo e áspero acabamento. Em torno desse elemento simbólico predominante – que funciona ao mesmo tempo como dispositivo estrutural e formal –, articulam-se os diversos deslocamentos e mudanças de escala que nessa zona da moradia operam,­ em planta e elevação, as múltiplas transições entre espaços de natureza pública, social, semiprivada e íntima.

CALDEIRA, Vasco. Casa Alto de Pinheiros. In: FANUCCI, Francisco; FERRAZ, Marcelo Carvalho. Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz: Brasil Arquitetura. São Paulo, Cosac Naify, 2005, p. 142.