Casa Cotia

Cotia, SP
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ficha técnica

Ano:
1998
Área:
400m²
equipe:
Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz, Anderson Freitas e Pedro Barros
Imagens:
Nelson Kon, Rodrigo Izecson e Acervo Brasil Arquitetura
Premiações:

Descrição:

Este projeto, realizado para um amplo terreno que em muito lembra a situação encontrada anos antes na Casa Tamboré, retoma o tema da descompactação do programa, segundo princípios compositivos distintos dos empregados naquele projeto e de acordo com um repertório formal renovado. São três os blocos, dispostos e orientados segundo conveniências do zoneamento e da topografia: dois deles, interligados por uma passarela suspensa e envidraçada, reúnem as atividades essenciais da moradia – áreas de estar e refeições num bloco, dormitórios e sanitários no outro, enquanto um terceiro, situado junto à entrada, acomoda as dependências de serviço.

Um muro de pedra e concreto de aspecto ciclópico delimita os contornos de um patamar topográfico superior, próximo do acesso, ao mesmo tempo que introduz um elemento plástico de referência fundamental e organiza a disposição dos dois primeiros blocos. O extenso muro de traçado irregular parece ser o pretexto para quebrar a rigidez ortogonal da planta pela introdução de relações virtuais oblíquas entre os corpos edificados, como se fossem hiatos da lógica racional, espaços para decisões com certa dose de arbitrariedade. Seu papel como indutor de liberdades fica ainda mais realçado quando sua imagem vigorosa e telúrica repercute sobre o pavilhão vizinho dos ambientes sociais, na forma de elementos pontuais para apoio de uma escada e como chaminé da lareira.

A lógica construtivista de uma geometria feita da intersecção perpendicular de sólidos e planos passa a combinar-se com a inclinação das coberturas e vedações e com as figuras triangulares e trapezoidais daí resultantes. As elevações recebem um tratamento acentuadamente tópico, de acordo com as necessidades ditadas pela implantação e pelo uso dos ambientes. Desfaz-se por completo qualquer intenção de homogeneidade quanto à disposição das aberturas, decorrente de indício construtivo ou estrutural. Essa nova orientação fica clara na ambivalência do bloco social, cuja fachada sul totalmente envidraçada, voltada para o espelho-d’água e o jardim interno, contrasta com a fachada norte maciça, rasgada por uma marquise baixa de concreto que protege do sol o salão, projetando sua visão interna para a parte inferior do terreno e para a piscina.

CALDEIRA, Vasco. Casa Cotia. In: FANUCCI, Francisco; FERRAZ, Marcelo Carvalho. Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz: Brasil Arquitetura. São Paulo, Cosac Naify, 2005, p. 148.

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