Praça das Artes

São Paulo, SP
Download Arquivos

ficha técnica

Ano:
2006
Área:
28.500m²
equipe:
Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz, Fábio Oyamada, Luciana Dornellas, Marcos Cartum, Cícero Ferraz Cruz, Fabiana Fernandes Paiva, Anselmo Turazzi, Carol Silva Moreira, Anne Dieterich, Beatriz Marques, Felipe Zene, Fred Meyer, Gabriel Grinspum, Gabriel Mendonça, Victor Gurgel, Pedro Del Guerra, Thomas Kelley, Vinícius Spira, André Carvalho, Julio Tarragó e Laura Ferraz
Imagens:
Nelson Kon, Leonardo Finotti, Gsé Silva | Di Campana Foto Coletivo e Acervo Brasil Arquitetura
Premiações:

2012 – Vencedor prêmio Os Melhores das Artes, categoria Obra de Arquitetura, Associação Paulista de Críticos de Artes – APCA

2013 – Vencedor Prêmio Icon Awards, categoria Building of the Year, Icon Magazine

2013 – Vencedor prêmio O Melhor da Arquitetura, categoria Edifícios Culturais, revista Arquitetura & Construção

2014 – Finalista IX Bienal Iberoamericana de Arquitectura y Urbanismo – BIAU, Rosário, Argentina

2014 – Finalista Prêmio Mies Crown Hall – MCHAP, Chicago, EUA

2014 – Finalista prêmio Designs Of The Year, Museu de Design de Londres, Inglaterra

2019 – Vencedor Prêmio Gubbio, seção América Latina e Caribe

Descrição:

Há projetos de arquitetura que se impõem soberanos em grandes espaços livres, situações aprazíveis e visíveis à distância. Há também projetos que se acomodam em situações adversas, espaços mínimos, nesgas de terrenos comprimidos por construções preexistentes, sobras de áreas urbanas, projetos em que os parâmetros para seu desenvolvimento são ditados pelas dificuldades. O caso da Praça das Artes se enquadra entre estes últimos.

Nosso projeto nasce de dentro para fora, das entranhas, e se conforma a partir delas; se apresenta à cidade como uma denúncia da falência de um modelo urbano que já não serve, já não funciona na escala da metrópole. Casas ou pequenos edifícios com quintais nos fundos de longos lotes não mais se justificam e acabam dando lugar ao vazio inútil. Buscamos entender o que estava obsoleto, sem uso ou função, o que tinha caducado desse velho desenho urbano, e fazer disso nossa matéria-prima de projeto. Dessa sobra, ou melhor, com esse bagaço que a cidade cuspiu, construímos a Praça das Artes.

Por isso mesmo, como denúncia, os vazios no rés do chão não foram ocupados, nem mesmo com colunas, criando uma grande passagem pública a céu aberto – um espaço de encontros, a praça que dá nome ao conjunto. Os novos edifícios se apoiam nas bordas dos terrenos, resultado de uma arquitetura que se faz a partir de adversidades e restrições e que não precisa da terra arrasada como pedestal.

O que nos leva a uma escolha e decisão conceitual é, precisamente, a natureza do lugar e sua compreensão enquanto espaço resultante de fatores sociopolíticos ao longo de décadas – ou séculos – de formação da cidade. Compreender o lugar não somente como objeto físico, mas como espaço de tensão, de conflitos de interesses, de subutilização ou mesmo abandono, tudo importa.

Se, por um lado, o projeto deveria responder à demanda de um programa de diversos novos usos ligados às artes musicais e do corpo, deveria também responder de maneira clara e transformadora a uma situação física e espacial preexistente, com vida intensa e com uma vizinhança fortemente presente. Mais ainda: deveria regenerar espaços degradados, criar novos espaços de convivência a partir da geografia urbana, da história local e dos valores contemporâneos da vida pública. Podemos dizer que, nesse caso, projetar é captar e inventar o lugar a um só tempo, numa mesma ação.

A partir do centro da quadra, o novo edifício se desenvolve em três direções – Vale do Anhangabaú, avenida São João e rua Conselheiro Crispiniano –, como um polvo a estender seus tentáculos e ocupar espaços. Um conjunto de edifícios em concreto aparente pigmentado, com área total de 28.500 metros quadrados, suspenso sobre as passagens urbanas, é o elemento principal que estabelece um novo diálogo com os edifícios remanescentes da quadra e do entorno.

O antigo Conservatório Dramático Musical de São Paulo, um importante marco histórico e arquitetônico da cidade que há décadas estava inutilizado, foi incorporado ao conjunto como sala de recitais e espaço expositivo. Restaurado e reabilitado, esse edifício passou a integrar um complexo de novas construções que abrigam as instalações para o funcionamento das escolas de música e dança e dos corpos artísticos do Teatro Municipal – orquestra sinfônica, corais e balé da cidade, além de centro de documentação, restaurantes, estacionamentos e áreas de convivência.

A implantação desse equipamento cultural, além de atender à histórica carência de espaços para o funcionamento do Teatro Municipal, desempenha papel estratégico na requalificação da área central da cidade, priorizando o pedestre. A partir de um rico e complexo programa de uso, focado nas atividades profissionais e educacionais de música e dança, ele marca fortemente seu caráter público, indutor da convivência e da vida urbana.