Download Arquivos
ficha técnica
Ano:
Área:
equipe:
Imagens:
Premiações:
2006 – Vencedor XV Bienal Panamericana de Arquitetura, categoria Intervención en el Patrimonio Edificado, Quito, Equador
2006 – Vencedor V Bienal de Arquitetura de Brasília, categoria Obra Executada – Patrimônio, DF
2006 – Segundo lugar Prêmio Iberoamericano a la Mejor Intervención en Obras que involucren el Patrimonio Edificado, categoria Obras com mais de 1.000m², Centro Internacional para la Conservación del Patrimonio – CICOP Argentina e Sociedad Central de Arquitectos, Buenos Aires, Argentina
2007 – Vencedor 7ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, categoria Projeto Executado, Fundação Bienal de São Paulo e Instituto de Arquitetos do Brasil, São Paulo
2008 – Finalista VI Bienal Iberoamericana de Arquitectura y Urbanismo – BIAU, Lisboa, Portugal
Descrição:
Numa dessas ideias loucas e ousadas que surgem de vez em quando, Emanoel Araújo e Jacques Villain resolveram criar na Bahia uma filial do Museu Rodin de Paris, mais precisamente na rua da Graça, em Salvador, num palacete eclético francês do início do século passado. E o governo do estado da Bahia topou e levou adiante a brilhante ideia. Muitos perguntaram: “Museu Rodin na Bahia? Mas por que na Bahia?”. E a única resposta foi: “Por que não na Bahia?”.
O Museu Rodin Bahia, conhecido também como Palacete das Artes, foi concebido como primeira filial do Museu Rodin de Paris e está implantado no Palacete Comendador Catharino, construído em 1912 com recursos oriundos do cacau. Os salões do edifício e seu belo jardim se destinariam às obras do mestre francês, enquanto as exposições temporárias ocupariam um novo bloco, projetado e construído para esse fim.
Em meio a um belo jardim, já formado por antigas mangueiras e outras árvores tropicais, cada edifício deveria expressar sua época, com valores e personalidades próprias, sem se sobrepor, mas também sem um se submeter ao outro. A arquitetura eclética e a contemporânea em uma convivência “respeitosa, calorosa, tensa, desafiadora e amorosa”. Convívio de diferentes que se tocam.
O palacete recebeu intervenções delicadas e pontuais, necessárias para prepará-lo para uma nova vida, mantendo suas características essenciais. Acrescentamos mais um lance à escadaria original, abrindo acesso ao surpreendente espaço do sótão, agora um pequeno auditório, destinado a palestras, seminários e concertos musicais.
A necessidade de criar um novo sistema de circulação vertical ágil e eficiente no palacete nos levou a propor sua implantação na parte posterior da edificação, justamente no centro geométrico de todo o conjunto. Um volume de concreto aparente, amalgamado ao edifício histórico e contendo escada e elevador, liga seus três pavimentos principais e anuncia o novo bloco.
Os pontos que nortearam nossa proposta para a inserção desse novo bloco no terreno foram: não interferir significativamente nas centenárias árvores do jardim; não competir com a presença dominante da construção histórica; e, sobretudo, se somar ao que já existia, formando um conjunto articulado e fluido.
Uma lâmina de concreto, como passarela e marquise, parte do palacete penetrando e abraçando a nova construção. Esta, por sua vez, se insere numa clareira entre as grandes árvores, na parte posterior do lote. Mantém uma distância respeitosa e, com uma área construída equivalente à do palacete, guarda uma relação de escala e de diálogo, reafirmada em seus alinhamentos verticais e horizontais.
Pelo térreo ou pela passarela é possível acessar o novo edifício por vários pontos. Seus espaços são construídos com a associação de grandes planos de concreto aparente, vidro e treliças de madeira. O núcleo desse edifício é seu salão central, com pé-direito duplo e iluminação zenital controlada. A passarela externa ao caixilho e os mezaninos que o circundam oferecem diversos ângulos para a observação do que ali se expõe.
O tratamento dado ao jardim valoriza os caminhos através do uso de um piso modulado de pedra portuguesa por todo o terreno. Ao longo desses caminhos, as obras de Rodin em meio à rica vegetação tropical, a leitura à sombra de uma mangueira, o lanche dos escolares, a simples contemplação, o nada fazer… Inspiração primeira de todo o projeto, esse jardim – com cafeteria, restaurante e loja – é o principal apelo à convivência, hoje obrigatória em um museu que assume também a função de um centro de encontros por meio da arte e da cultura. Encontro dos habitantes da Bahia e dos que por ali passarem, cidadãos brasileiros e de todo o planeta.