Revitalização da Área do Monumento às Nações Indígenas

Aparecida de Goiânia, GO
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ficha técnica

Ano:
2000
Área:
2.150m²
equipe:
Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz, Anderson Freitas, Bruno Levy, Gabriel Grinspum, Juliana Antunes, Maira Costa e Pedro Barros
Imagens:
Acervo Brasil Arquitetura
Premiações:

Descrição:

No ano de 1992, o artista plástico goiano Siron Franco criou e construiu, numa região do cerrado próxima a Goiânia, um memorial aos povos indígenas. Batizou-o de Monumento às Nações Indígenas.

Trata-se de um conjunto de quinhentos blocos prismáticos de concreto de 2,30 m de altura, plantados num vazio circular recoberto de brita com 3.700 m2 de área. Cada uma dessas colunas é suporte para elementos relacionados à cultura indígena, sejam réplicas e fragmentos petrificados de objetos diversos, ou inscrições, ou desenhos, ou baixos-relevos, ou objetos de arte plumária protegidos em vitrines. Como lápides cinzentas, guardiãs da memória, essas colunas desenham sobre o solo, também cinzento, os contornos de um impressionante mapa do Brasil, que só é percebido ao se observar a obra do alto.

Com o objetivo de promover a conservação do conjunto escultórico, sujeito a diferentes tipos de depredação, e associá-lo a atividades de pesquisa e de divulgação da cultura dos povos indígenas, oferecendo ainda infra-estrutura de apoio para o desenvolvimento de programas culturais e ambientais de caráter educativo, o escritório Brasil Arquitetura lançou-se um desafio: resolver o programa através de uma intervenção mínima, que priorizasse a valorização da obra de arte erguida ali no cerrado, contribuindo para a conservação do conjunto.

Assim, foi projetada uma marquise com a mesma altura dos blocos prismáticos, ao mesmo tempo um passeio coberto e um passeio-terraço, que forma um grande anel de 35 m de raio em concreto claro. Esse passeio circular reforça o piso desenhado pelo artista, abraça o monumento e permite não só a visualização do mapa definido pela projeção dos prismas, como estimula o passeio em todo o entorno, criando alternativas importantes à fruição da obra.

Tangenciando o anel, um bloco de forma orgânica abriga um anfiteatro ao ar livre e espaço semi-enterrado para atividades como oficinas, loja e auditório, além de infra-estrutura geral de funcionamento. Um grande espelho-d’água sobre a parte mais alta da cobertura despeja água em cascata sobre um segundo espelho-d’água ao lado do anfiteatro. Para todas as paredes e muros, o projeto previu pintura ou reboco confeccionados com terra, nas diversas colorações em que ela é encontrada nos arredores de Goiânia. Essa paleta de pigmentos que vão do preto ao amarelo-vivo, passando por diferentes tons de vermelho e marrom, mimetiza as paredes na paisagem do cerrado, que avança com sua vegetação sob a marquise, representando a comunhão desejada do homem com seu meio.

SANTOS, Cecília Rodrigues dos. Revitalização da área do Monumento às Nações Indígenas. In: FANUCCI, Francisco; FERRAZ, Marcelo Carvalho. Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz: Brasil Arquitetura. São Paulo, Cosac Naify, 2005, p. 80.