Edifício Comercial Brasília

Brasília, DF
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ficha técnica

Ano:
2001
Área:
5.500m²
equipe:
Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz, Anderson Freitas, Bruno Levy, Carmem Ávilla, Cícero Ferraz Cruz, Juliana Antunes e Pedro Barros
Imagens:
Leonardo Finotti e Marco Antonio Galvão
Premiações:

Descrição:

Construir em Brasília sempre será um desafio particular para arquitetos brasileiros. Mesmo tratando-se de um edifício comercial localizado na avenida W3, entre tantos outros já erguidos desde a inauguração da cidade, entre tantos testemunhos de diferentes posturas contemporâneas em relação à arquitetura, mais ou menos distantes da interpretação de Lucio Costa e Oscar Niemeyer para as idéias corbusianas da ville radieuse e da ville verte.

O projeto desse edifício comercial, o primeiro trabalho do Brasil Arquitetura para a capital federal, procurou identificar-se com a arquitetura da cidade não exatamente nas linhas de suas edificações originais, mas sim na preconizada, e igualmente moderna, verdade dos materiais. Construído em concreto armado aparente, o edifício aproxima-se de uma vertente mais paulista, mais brutalista dessa arquitetura moderna, embora procure explorar a plasticidade do concreto inspirando-se nas curvas niemeyerianas para desenhar os terraços interiores.

Para a cidade, o edifício apresenta-se como uma caixa ortogonal revestida nas duas faces principais por painéis contínuos de lâminas de madeira. Para controlar a luminosidade e o sol, as fachadas são recobertas por essa cortina formada por painéis em módulos de duas dimensões justapostos, ambos compostos de lâminas de pínus tratado, fixadas com parafusos numa estrutura metálica. Esse enorme painel brise-soleil remete ao mesmo tempo à tradição das treliças coloniais, à sua retomada pela arquitetura moderna – especialmente nos trabalhos de Lucio Costa – e também às persianas internas que invadiram as janelas e divisórias de escritórios. Apenas, desta vez, elas se tornaram partido de projeto, e ganharam as fachadas.

A idéia central do edifício é a integração dos espaços entre si e com a cidade. O átrio de entrada, com pé-direito que atravessa os cinco andares, apresenta-se como continuidade da rua, abrigando lojas em meio a um jardim. Nos quatro pavimentos destinados a escritórios, o acesso aos conjuntos se dá a partir de corredores-terraços sinuosos, abertos, todos eles debruçados sobre o átrio para criar aberturas visuais e surpresas, fazendo da circulação um elemento de projeto e de vida para o edifício. Ao nos debruçarmos nesses terraços, é impossível não lembrar do Pavilhão da Bienal no Ibirapuera, feliz citação que se integra harmoniosamente ao edifício e à cidade de Brasília.

A aposta do projeto está na verdade estrutural e formal e na generosidade dos espaços compartilhados, uma homenagem à idéia fundadora de Brasília e seus autores.

SANTOS, Cecília Rodrigues dos. Edifício comercial. In: FANUCCI, Francisco; FERRAZ, Marcelo Carvalho. Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz: Brasil Arquitetura. São Paulo, Cosac Naify, 2005, p. 88.