Comitê Olímpico Internacional – COI

Lausanne, Suiça
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ficha técnica

Ano:
2013
Área:
9.500m²
equipe:
Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz, Rui Furtado, André Carvalho, Anne Dieterich, Beatriz Marques, Cícero Ferraz Cruz, Felipe Zene, Gabriel Mendonça, Julio Tarragó, Laura Ferraz, Luciana Dornellas, Pedro Del Guerra, Victor Gurgel e William Campos
Imagens:
Fred Meyer e Acervo Brasil Arquitetura
Premiações:

2013 – Finalista de concurso internacional

Descrição:

Os muros representam, ao longo da história da humanidade, divisões de propriedades e territórios, barreiras de proteção e defesa. Mas existem também aqueles que, ao separar, conectam. São os muros porosos que filtram a luz e emolduram a paisagem, formalizam a passagem, regulam o contato, definem vizinhanças. Muros agregadores e unificadores de interesses coletivos, marcos físicos e simbólicos de feitos humanos de grande importância social, suportes de registros históricos e conquistas tecnológicas. São os muros dos aquedutos, de contenções de encostas e barragens, das pontes. De uma das ações mais arcaicas do homem na construção de seu hábitat surgem os muros, associando o trabalho humano às pedras da natureza.

Um muro longo, alto e espesso de concreto estrutural, solene e festivo, marcará definitivamente a futura sede do Comitê Olímpico Internacional – COI. Ao longo de sua face sudoeste, voltada para o parque e Lago Geneva, faremos uma verdadeira coleção de pedras de tamanhos, cores e texturas variadas que serão concretadas juntamente com o muro, ficando a ele amalgamadas para sempre. Cada uma representará uma das 204 nações associadas ao COI. Arenito, granito, mármore, basalto ou dolomita, essas pedras deverão ser enviadas de todos os rincões do planeta por cada uma das nações.

Assim, esse mesmo muro contará a história da construção dessa nova sede com marcas e registros de colaboração e solidariedade entre os povos. Em sua tectônica, a arquitetura estará reafirmando simbolicamente, com pedras de todos, a luta pela paz entre os povos e a construção do espírito olímpico.

A implantação e posicionamento de nossas novas construções se darão em virtude da presença do histórico Château de Vidy, que ocupa o centro do novo conjunto, emoldurado pelo grande muro. O antigo edifício, integrado ao novo conjunto, deverá receber funções distintas e apropriadas aos seus espaços e sua imagem simbólica. Ele será restaurado e terá seus valores arquitetônicos originais preservados. Abriremos seus espaços com a demolição de todas as paredes e divisórias não originais no sentido de valorizar e dar destaque aos detalhes e materiais empregados em sua construção.

A decisão de criar um grande eixo longitudinal definido e alinhado pelo Château de Vidy, paralelo à borda da água, aumentará a área livre do parque com a configuração de uma grande praça verde. O longo muro, além de suporte estrutural dos novos edifícios, terá a tarefa de definir e organizar os espaços na ocupação do território.

Denominamos ágora o grande vazio central do edifício maior que deverá ser o espaço nevrálgico de circulação e comunicação. Será o palco de encontros de funcionários, visitantes e transeuntes do parque. Um conjunto de escadas e elevadores exclusivos dará acesso às passarelas externas do grande muro para que os visitantes desfrutem da vista do parque e possam tocar nas pedras concretadas no muro, representantes de cada nação. Também pela ágora captaremos luz e ventilação para todos os pavimentos do edifício.

Em oposição ao grande muro de concreto e pedras voltado para o sudoeste, as fachadas nordeste serão fechadas com uma caixilharia de alumínio e vidro, fixada à estrutura suporte do grande balanço. Essa, por sua vez, se assemelhará a um cristal lapidado por sua estrutura facetada de planos triangulares e trapezoidais. Os grandes vãos estruturais e o longo balanço transversal de 12 metros acentuarão a leveza desse grande cristal flutuante e, consequentemente, o contraste com o forte muro.

Todos os espaços de trabalho serão pontuados pelos vários cafés/pontos de encontro dispostos ao longo dos edifícios e em todos os pavimentos. A academia de ginástica deverá funcionar no pavimento térreo em contato imediato com o parque. Na cobertura, um restaurante circundado por um terraço jardim permite o desfrute da bela vista da cidade e das montanhas, de um lado, bem como do parque e lago, do outro. Será o ponto de encontro, por excelência, de todo o conjunto, seja no dia a dia ou nas festas. Estas são decisões de projeto que fundamentam a busca de espaços gentis e de convivência.