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Como o próprio nome já diz, a grande virtude do sítio onde se encontra o terreno é a vista. Trata-se de um terreno de 26.672m² no município de Gonçalves, MG, antigo distrito de Capivari, desmembrado do município de Paraisópolis em 1963.
Esse pedaço do país, chamado de Sul de Minas, é uma imensa área correspondente, grosso modo, ao território continental português. Todo esse território deriva de uma única vila colonial: Campanha.
É um território que tem uma unidade geográfica, cultural, indenitária e, ao mesmo tempo, tem suas singularidades. O extremo sul de Minas é uma dessas áreas singulares, é a parte meridional da Serra da Mantiqueira. Por suas características físicas de montanha, esta foi uma área de difícil ocupação, durante o século XVIII e XIX foi preterida em relação ao Caminho Velho, vazio este acentuado a partir do final do século XIX com a chegada das estradas de ferro que elegeram outras regiões para se assentar.
Isso fomentou, desenvolveu e forjou um modo de vida caipira específico da montanha. Um modo de produção forjado no isolamento e na escassez, mas que produziu uma cultura rica em seus diversos aspectos. Essa cultura chegou até o final do século XX em bolhas cada vez mais restritas e que hoje, no século XXI são apenas reminiscências. E é precisamente desta área que estamos tratando aqui.
O terreno é voltado para o leste e para a vista, cujas 3 principais referencias geografias são: a Pedra do Cruzeiro, a Pedra do Baú e a Pedra da Divisa.
Nas últimas décadas a região vem sofrendo um assédio desenvolvimentista turístico por influência de novos frequentadores advindos de outras regiões, principalmente de cidade de São Paulo. O acesso se dá por duas importantes rodovias, a Fernão Dias e a Dutra-Carvalho Pinto. Movimentos preservacionistas têm tentado mitigar os impactos desse fenômeno e surgem com eles parcelamentos de terra mais conscientes, respeitando a gleba rural mínima de 2 ha. (20.000 m²) como é o nosso caso.
Para implantação da casa escolhemos um local pegado ao platô existente, executado pelo próprio loteamento. Porém não exatamente no platô, pre-servando este como uma área de manobras, carga e descarga e para ter uma área plana junto à casa, muito importante para quem vive na montanha. Como o terreno tem uma inclinação bastante acentuada, 43%, acreditamos que fazer uma implantação “solta” do chão causaria um impacto visual muito grande na paisagem, optamos por uma implantação mais “cravada” na montanha.
Também optamos por distribuir o programa em 2 pavimentos, e assim não espalhar a casa por uma área de projeção muito grande, buscando sempre minimizar o impacto visual em uma paisagem tão delicada.
Desta forma os 2 pavimentos desfrutam da melhor vista. O pavimento inferior concentra todo o programa fechado, volumoso, cujo impacto seria grande na paisagem, mas estando mais “enterrado” minimiza seus efeitos. Já no pavimento superior ficam as áreas sociais, livres, totalmente envidraçadas e com vistas tanto para o leste (principal vista) quanto para as 2 matas laterais (sul e norte) onde correm 2 cursos d’água. Para o oeste, fize-mos um ajuste no terreno com muros de concreto ciclópico para permitir a entrada do sol de oeste (muito útil para aquecer a casa no inverno) e, entre estes muros, implantar a horta e o pomar.
O pavimento superior é implantado exatamente no sentido norte-sul, já o pavimento inferior sobre uma rotação de exatos 30°, com isso voltamos as janelas dos quartos para o nordeste (melhor insolação no inverno) e ganhamos um pátio-promontório em frente à sala para desfrute privilegiado da paisagem.
Corroborando a implantação concisa, os 2 blocos também são distintos no que diz respeito aos materiais, no bloco inferior usamos o maciço do branco da cal e, no bloco superior, o vidro e transparência. Um bloco introspectivo, para o recolhimento e descanso. O outro aberto, integrado à deslumbrante paisagem da Mantiqueira.