A criação de um museu que reverencie e trate do universo da Araucária (Araucaria angustifolia) no Sul do Brasil é um imperativo. Ou ainda uma dívida a saldar com esta que é uma espécie vegetal das mais antigas do planeta, tão presente física e simbolicamente na ocupação humana de vasto território que vai além das nossas fronteiras.
Pensado para ocupar e se enredar em um bosque típico da chamada Mata de Araucárias – outrora de forte presença na região subtropical e hoje ameaçada de extinção – esse estudo nasce da lógica da formação do próprio bosque, que nos leva a ocupar a área com várias construções a serpentear o terreno, desviando das árvores e ao mesmo tempo entremeadas a elas.
Uma grande marquise de concreto leva ao interior do
museu, composto por blocos de diferentes escalas. Adentramos o conjunto pelo primeiro deles, uma área de acolhimento com espaços de estar, informações, sanitários e uma pequena cafeteria e loja que oferecerá produtos relativos aos temas tratados, de guloseimas feitas com pinhão a objetos de madeira.

Como caixas ou casamatas de concreto camufladas
na mata, cada um dos blocos seguintes abrigará uma sala expositiva que deverá tratar de temas específicos: a araucária e seus aspectos científicos e botânicos; a ocupação do território desde os primeiros assentamentos humanos até os pioneiros exploradores da floresta; a presença dessa madeira no contexto histórico e socioeconômico brasileiro, especialmente na construção do hábitat; o universo do pinhão como alimento ancestral e suas possibilidades gastronômicas hoje. Esses volumes serão ligados por passarelas cobertas, ora mais fechadas, ora menos, que também servirão como galerias expositivas. Caminhar por elas é também passear pelo bosque.
Todo o conjunto do museu terá a araucária como matéria básica em sua construção. Tanto o concreto – feito com formas trabalhadas em diferentes desenhos e geometrias –, quanto caixilhos, painéis de vedação e até o mobiliário serão produzidos com essa madeira, dentro das normas de uso atuais de reaproveitamento e manejo ecológico.
Além dos módulos temáticos, o museu contará também com um pequeno auditório multiuso ligado diretamente à área de acolhimento. Esse bloco, ao contrário dos demais, será todo aberto para a paisagem do entorno, com fechamento em vidro e cortinas opcionais para escurecimento.
Clima, relevo, fauna e flora, água e, principalmente, criação e feito humano na construção de uma nova paisagem e uma nova vida, tudo isso deverá ser abordado nesse novo museu que poderá irradiar sua energia e transmitir sua mensagem da celebração da araucária.