Memorial Marighella

Salvador, Bahia

ficha técnica

Ano: 2016

equipe:

francisco fanucci, marcelo ferraz, anne dieterich, cí­cero ferraz cruz, julio tarragó, laura ferraz, vinícius spira e william campos

Área: 391m2
Descrição:
Um dos pontos turísticos de maior visitação de Praga é a casa onde viveu Franz Kafka; quem vai à cidade do México, não deixa de visitar a casa de Frida Kahlo; em Berlim, a residência onde viveu Bertold Brecht é ponto de peregrinação internacional. Parece que estar nesses lugares nos faz mais próximos daqueles ícones que admiramos e respeitamos, tornando-os mais humanos.
No Brasil, o nome de Carlos Marighella finalmente está sendo resgatado das brumas para ocupar um importante lugar no panteão de brasileiros que lutaram por um país melhor e mais justo. No caso de Marighella, com o sacrifício da própria vida. Nos últimos anos, livros, filmes, canções e homenagens vêm atestando sua condição de herói nacional.
Cidadão soteropolitano, Marighella viveu desde a mais tenra idade numa pequena casa da rua Barão do Desterro, na Baixa dos Sapateiros, em Salvador. Este foi, sem dúvida, o lugar no qual ele permaneceu por mais tempo em sua curta e intensa existência – em grande parte clandestina –, tendo sido inclusive seu bunker na vitoriosa campanha eleitoral para deputado da Assembleia Nacional Constituinte de 1946. A casa da família Marighella foi também oficina mecânica de seu pai e continua de pé como um testemunho histórico.
Considerando a importância simbólica desse marco na
história da cidade de Salvador e do Brasil, estamos propondo a implantação nessa casa do Memorial Marighella, lugar que, além de homenageá-lo, abrigue toda a documentação referente à sua vida e sua luta, e que deverá servir como centro de pesquisa e referência. Propomos a criação ali de um museu in situ, aberto à visitação pública e pesquisadores.
O lugar onde está situada a casa tem um rico passado
e uma vizinhança nobre: a Baixa dos Sapateiros e o Centro Histórico, listado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Apesar da centralidade, por estar em um pequeno largo
se insere em uma atmosfera urbana bucólica, um oásis de tranquilidade na agitada Baixa dos Sapateiros. O imóvel, construção singela mas com personalidade própria, tem a marca forte de uma época – início do século 20 – e pode perfeitamente ser recuperado e ampliado, incorporando-se a ele todas as instalações necessárias ao seu futuro uso.
Para isso, em um imóvel contíguo sem valor arquitetônico ou histórico, será construído um anexo, com linguagem marcadamente contemporânea, com instalações e condições de trabalho, guarda de acervo e atendimento. Teremos, assim, a casa antiga como documento e testemunho do passado, com valor imaterial e intangível insubstituível, ancorada no novo edifício. A carga simbólica é a maior riqueza desse patrimônio único.
A velha casa será restaurada mantendo suas características construtivas. O edifício novo que abraça a casa antiga será todo em concreto aparente estrutural e pigmentado de vermelho. Uma grande abertura de forma livre, como uma vidraça rompida, será a janela dos três pavimentos superiores que iluminará as escadas e as áreas de circulação. Essa abertura será, certamente, uma marca, uma imagem emblemática do conjunto.

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