Cais Do Sertão

Recife, PE

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ficha técnica

Ano: 2009
autores:

francisco fanucci, marcelo ferraz e pedro del guerra

ocolaboradores:

anne dieterich, anselmo turazzi, beatriz marques, cÍcero ferraz cruz, fabiana fernandes paiva, felipe zene, fred meyer, gabriel grinspum, gabriel mendonça, luciana dornellas, victor gurgel, andrÃo carvalho, jÃolio tarragÃo e laura ferraz

Área: 8500m2
Fotos:

nelson kon, joana franca, fred jordão e acervo brasil arquitetura

Descrição:
Em 2009, o governo federal decidiu fazer um museu em homenagem a Luiz Gonzaga. Um grande museu que contasse sua trajetória de vida e mostrasse por que esse homem, com sua vasta obra, transformou-se em um dos mais sólidos pilares da cultura brasileira. Não é preciso dizer aqui quem é Luiz Gonzaga, o Mestre Lua, pois ele habita o espírito e o imaginário de todos os brasileiros, mesmo sem que muitos de nós tenhamos clareza disso.
A partir da indicação do antropólogo Antonio Risério, que escreveu o texto fundador do museu, fomos convidados pelo Ministério da Cultura para elaborar o projeto. Montamos uma equipe multidisciplinar para, desde o início, pensar arquitetura e conteúdo como um conjunto. Pensar nos espaços e nas sensações a criar no espectador, nas informações a serem transmitidas e nas experiências a serem vividas naquele espaço. Para a construção do museu, o governo do estado de Pernambuco destinou um dos armazéns do antigo Porto do Recife e uma grande área contígua. Uma área à beira-mar, na ilha histórica onde nasceu a cidade do Recife, junto ao marco zero.
Ao mergulhar na obra de Gonzaga, nos deparamos com o óbvio: ninguém melhor que ele cantou (e contou) o sertão. Não há aspecto da vida sertaneja que tenha ficado fora de suas quase setecentas canções, verdadeiras joias da música brasileira. Decidimos então que o museu deveria, ao cantar Luiz Gonzaga, contar o sertão e, inversamente, contar o genial inventor cantando o sertão. Já não sendo somente um museu em homenagem ao artista, deveria trazer o sertão para a beira do mar, abrindo os olhos para o universo fantástico, ao mesmo tempo rico e pobre, trágico e festivo, violento e poético de grande parte da população que habita essa vastidão territorial chamada sertão.
Assim nasceu o Cais do Sertão Luiz Gonzaga. Em consonância com a proposta urbanística do estado e do município de manter os antigos galpões do porto, dando-lhes novas funções, começamos a desenvolver nosso projeto com o aproveitamento de um deles (2.500 metros quadrados) e criando um novo edifício (5 mil metros quadrados) conectado ao galpão, reforçando a estrutura longilínea de construções do porto, para abrigar todo o programa do museu.
Para o antigo galpão, inaugurado em 2014, foram destinadas as funções de museu propriamente ditas, com a exposição de longa duração em homenagem a Gonzaga e ao mundo sertanejo. O novo edifício, por sua vez, inaugurado em 2018, abriga um auditório com trezentos lugares, salas para exposições temporárias, cursos, reserva técnica, biblioteca e um restaurante sertanejo no jardim da cobertura, de onde se descortina de um lado o Recife antigo e, do outro, o mar e seu arrecife.
Para esse novo edifício utilizamos o concreto pigmentado amarelo-ocre, que remete ao solo quente do agreste. Com uma estrutura de concreto protendido, projetamos um grande vão de aproximadamente 65 metros, justamente em frente à Torre Malakoff, para criar uma grande praça coberta, abrigo do forte sol e das muitas chuvas da cidade. Essa praça coberta, como uma varanda urbana, possibilita uma infinidade de usos ao abrigo do sol e da chuva.
Mas o mais importante elemento da arquitetura é o cobogó gigante, criado especialmente para o projeto. Nada mais justo do que o uso do cobogó nas construções do Recife, cidade onde ele nasceu, pelas suas características de amenizar a relação dos espaços interior/exterior: filtro de luz para os de dentro e uma doce e amaciada fachada para os de fora. São 2.100 peças de 1m x 1m, com 140 quilos cada, com desenho que remete à galhada da caatinga ou às rachaduras de solo seco – além de outras interpretações possíveis. No conjunto, uma verdadeira renda branca sobre o concreto amarelo.
Se tivéssemos que resumir em poucas palavras o que é o Cais do Sertão Luiz Gonzaga, diríamos que é o encontro da técnica com a poética, do high-tech com o low-tech, do rigoroso e rico conteúdo com a possibilidade da livre interpretação e desfrute; enfim, lugar para o gozo estético. Sertão à beira-mar.

Prêmios

  • vencedor do prêmio obra do ano archdaily 2019
  • prêmio nacional do turismo 2018primeiro lugar na categoria valorização do patriônio pelo turismo
  • prêmio iab sp 2018 – especial 75 anosprimeiro lugar na categoria restauro e requalificação – executado
  • indicado para o prêmio oscar niemeyer 2018
  • selecionado para o 5° prêmio akzonobel instituto tomie ohtake 2018
  • destaque no prêmio gubbio 2019 para américa latina e caribe

Publicações

  • Brasileiros – Templo de rei
  • Projeto Design – O sertão vai ver o mar
  • Projeto Design – Espaço cultural ajudará a revitalizar Recife Antigo
  • archdaily – the possibilities of pigmented concrete: 18 buildings infused with color
  • archdaily – conheça os vencedores do prêmio obra do ano 2019 archdaily brasil
  • archdaily – saiba quais são os projetos brasileiros e portugueses selecionados para xi biau
  • inhaus – brasil arquitectura: una obra inspirada en su propio país
  • archdaily – brasil arquitetura: trabajar con rehabilitaciones es atender las verdaderas demandas de la sociedad
  • archdaily – cais do sertão museum / brasil arquitetura
  • vitruvius – arquitetura como experiência e apropriação
  • T18 – Museu Cais do Sertão
  • t18 – museu cais do sertão

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