Instituto Socioambiental – ISA

São Gabriel da Cachoeira, AM
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ficha técnica

Ano:
2000
Área:
1.083m²
equipe:
Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz, Anderson Freitas, Pedro Barros, Anne Dieterich, Bruno Levy, Cícero Ferraz Cruz, Gabriel Grinspum e Rodrigo Izecson
Imagens:
Daniel Ducci, Beto Ricardo e Anderson Freitas
Premiações:

2016 – Menção honrosa Prêmio Latinoamericano de Arquitectura Rogelio Salmona, Fundação Rogelio Salmona, Bogotá, Colômbia

Descrição:

São Gabriel da Cachoeira é um município de cerca de 45 mil habitantes, de maioria indígena, no qual convivem 22 etnias. Situada mil quilômetros a noroeste de Manaus, localiza-se na região amazônica onde Brasil, Colômbia e Venezuela fazem fronteira. A implantação da sede do Instituto Socioambiental – ISA na cidade, entre o tecido urbano mais denso e a margem do Rio Negro, foi pensada justamente para evidenciar a possibilidade de se estabelecer uma relação mais gentil e amigável entre a ocupação humana e o meio ambiente, entre urbis e natureza.

Trata-se de um esforço em se contrapor à prática recorrente em cidades ribeirinhas de se construir de costas para as águas, utilizando os rios como esgoto doméstico ou coletor de lixo. Nesse sentido, o edifício do ISA se abre para a cidade como um equipamento democrático de uso público e coletivo e também reverencia a paisagem natural – o rio com suas belas águas negras e praias de areia branca, na imensidão de mata amazônica, a se perder de vista.

O projeto teve como fatores determinantes, e até norteadores, as dificuldades construtivas da região, devido ao seu isolamento, somadas às reduzidas opções de materiais disponíveis. Como resultado, chegamos a uma arquitetura bastante simples, sintética. O edifício é um cubo branco de 16 x 16 m, com três pavimentos, construído com técnicas tradicionais de alvenaria revestida e caiada. Uma pele de madeira o protege das fortes chuvas amazônicas com rajadas de vento, e uma grande cobertura de palha piaçava, material farto na região, proporciona-lhe conforto térmico, assemelhando-o a uma maloca indígena.

Recorremos às habilidades da mão de obra nativa – não só da região, mas também da Colômbia e da Bahia – no trabalho com madeira, cipós e palha para a cobertura e também para a estrutura periférica que veste a construção central e abriga toda a circulação vertical e horizontal, formando marquises, balcões e escadas.

O edifício do ISA procura aliar e fundir todas as concepções espaciais ao programa de uso rico e variado proposto pelos dirigentes da instituição e pelos conselhos indígenas. Uma circulação externa independente – escadas e varandas – dá acesso ao salão multiuso para trabalho, área para exposições, projeções e conferências, biblioteca, apartamentos para pesquisadores e visitantes, cozinha coletiva e uma grande sala de convivência com um redário para descanso ou reuniões.

Com suas varandas, seu salão aberto e acolhedor no térreo e seu terraço panorâmico na cobertura, podemos afirmar que o edifício todo é uma grande área de encontros de trabalho e lazer dos usuários e visitantes. Todo o projeto, também em sua relação com a cidade e com a natureza, está fundado nos princípios da convivência.